- annitajunqueira
- 23 de out. de 2024
Atualizado: 28 de out. de 2024
Nasci pequena e me formei grande, pelo avesso.
Me misturei com as formigas Manoelas para sonhar cidades escuras, subterrâneas, proibidas.
O cheiro do cavalo na roupa suada apontava meu devido norte.
Mas foi o gosto de madeira de palco que me levou.
Me encantei com as palavras. Escritas e faladas.
Escutei os erros que me atravessaram.
Mudei de rotas. Bebi chá de boldo.
Achando que havia lugar de chegada.
Certa manhã, curei minhas avós em outros planos.
Soltei as amarras que nos costuravam –
no medo, no silêncio, na culpa e na dor.
Saboreei flores, respirei sonhos e me joguei no horizonte da criação.
E os passarinhos vieram me soprar: nada fica.
Você passa, nós passamos.
Olhei fundo, enxerguei nuvens.
E ambos se foram. O que restou?
Um rastro de formiga que voou.