top of page
  • annitajunqueira
  • 23 de out. de 2024

Atualizado: 28 de out. de 2024

Nasci pequena e me formei grande, pelo avesso.

Me misturei com as formigas Manoelas para sonhar cidades escuras, subterrâneas, proibidas.

O cheiro do cavalo na roupa suada apontava meu devido norte.

Mas foi o gosto de madeira de palco que me levou.

 

Me encantei com as palavras. Escritas e faladas.

Escutei os erros que me atravessaram.

Mudei de rotas. Bebi chá de boldo.

Achando que havia lugar de chegada.

 

Certa manhã, curei minhas avós em outros planos.

Soltei as amarras que nos costuravam –

no medo, no silêncio, na culpa e na dor.

Saboreei flores, respirei sonhos e me joguei no horizonte da criação.

E os passarinhos vieram me soprar: nada fica.

Você passa, nós passamos.

Olhei fundo, enxerguei nuvens.

E ambos se foram. O que restou?

Um rastro de formiga que voou.

 
 
 
  • annitajunqueira
  • 27 de set. de 2024

Tem uma alface no seu aldente! – o poeta comentou.

Ela pensou: acho que é a massa meio descrente.

Autoritarismo de pelúcia. Ego felino com astúcia. Digam-Miau! O gato grita, esperneia, mas ele não morreu-reu-reu-réu. Ele tem mais vidas no céu.

Cantavam a tal da egotrip.

Ego-tripa. Das tripas coração.

Coração de cera.

Derretia, toda vez que não aparecia.

Ou não via.

Nas lives, nos cliques ou na time-linha que nem existia.

Era cria. Do vazio que não queria.

Gargalhava conversas consigo mesma

rindo

HÁ-HÁ-HÁ da inutilidade das máscaras que moldava pra permanecer indo.

Diziam que o fim do mundo estava perto. Dava aperto. Perto do peito. Fica quieto. Fica esperto. Pisca-pisca. Meu cu.

Corpo-nu-de-olho-nu-olho.

Muda-mudra-corpo-cósmico.

Cabeça-corpo-cu-olho.

Cosmo-visão

São milhões de abraços soterrados que não puderam dizer adeus.

Parece poesia.

É a realidade.

 
 
 
  • annitajunqueira
  • 27 de set. de 2024

Falsos nomes. Falsas coisas. Mundo falso.

Me sinto agora como um produto enlatado. Um produto Plus. Sur Plus.

Resultado dessa máquina fantasmagórica chamada capitalismo, que vai me roendo, me comendo pelas bordas e ao mesmo tempo por dentro. Dói o desejo do conhecimento, o desejo de ter, o desejo de querer ser. Quero não querer mais nada. Ser. Apenas. Viver com iguais. Mundo idealizado que nunca irá existir de fato.

Me vejo agora como falsa propagandista, enganando a mim mesma a não estar contaminada por este vírus. Ele já tomou minhas células desde o dia em que nasci, onde nasci. Planeta Terra peço socorro. Quero vomitar o meu corpo interno, tripas que sacodem aqui dentro pedindo socorro, alento. Quero dançar na chuva como Gene fez. Quero revolucionar, quero sair, quero ser, quero, quero, quero. Não quero mais nada. Deixa vir, deixa ser. Sou eu. Assim. Mais nada. Alma penada.

Sou o nada que busca preenchimento. Sou cheia, mas me sinto vazia. Me sinto vazia e só. Tão duro ser solitária sozinha. Neste mundo de imagens feitas, industrializadas, falsas. De pessoas que não se olham, não se enxergam, não se amam. Pessoas que se consomem. Com somem. Sumam daqui!!! Não me venham com xurumelas dindinrescas. Não me venham com retorno financeiro. Não me venham com você precisa ter isto ou aquilo, ser isto ou aquilo, pensar isto ou aquilo. Não me venham com regras, barreiras de cimento. O camino é cinzento, triste, solitário. O camino real é mais real do que o azul que eu imaginava. Cinzento como os arranha-céus, como a cinza do cigarro, como o asfalto velho, como a conta de luz que chega em casa. Cinza como a tela do computador. Como a falsa-realidade. Como a mídia, o dinheiro e tudo o que o homem criou para se matar. Suicídio coletivo. Auschwitz capitalista. Somos todos judeus perseguidos pelo inimigo invisível. Enclausurados neste way of life fast-food.

 
 
 
Registre-se no site

Que bom ter você aqui!

  • Facebook
  • LinkedIn
  • Instagram

©2020 por Mulher Telepática. Orgulhosamente criado com Wix.com

bottom of page